quarta-feira, 24 de agosto de 2011

JMJ - Madrid 2011 - «ESTA PARTICIPAÇÃO É HISTÓRICA»


O Pe. Pablo Lima, director do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil (DNPJ), fez em primeira mão para a FAMÍLIA CRISTÃ o balanço da participação portuguesa na Jornada Mundial da Juventude, mostrando-se satisfeito com o resultado, apesar de algumas críticas à falta de apoio de algumas das dioceses e movimentos ao DNPJ.

Família Cristã - Que balanço faz o DNPJ da participação portuguesa na JMJ?

Pe. Pablo Lima - Esta participação é histórica, não só em números mas, especialmente, pelo encontro com os bispos portugueses e pela integração dos grupos nas paróquias e colégios. O balanço é francamente positivo e acima das expectativas.


FC - Houve alguns problemas com os peregrinos portugueses a queixarem-se de falta de condições para dormir, ou desorganização na entrega de kits, entre outras coisas. Houve falhas da parte da organização espanhola?

P.P.L. - Em todas as JMJ há dificuldades logísticas. As de Madrid 2011 não são excepção. Ter de ficar num local onde faz calor, não significa que houve «falta de condições para dormir», pois essa é a realidade que experimentam todos os madrilenos durante a Primavera e Verão... Houve, sim, faltas na entrega dos kits e materiais. Mas olhando ao conjunto, foram pequenos incidentes.

FC - O DNPJ teve alguma intervenção no sentido de apoiar alguns peregrinos nestas questões de desorganização ou outras questões relacionadas com os portugueses?

P.P.L. - A título de exemplo, colaborámos na devolução de um CC e mochila que foram encontrados por jovens coreanos e que vieram até à nossa sede. Estivemos em contacto permanente com a Secção Consular da Embaixada e fomos notificados dos poucos casos de perda ou roubo de documentos. Por outro lado, a nossa principal colaboração foi com os secretariados diocesanos e com os movimentos pois foram eles que fizeram as inscrições junto do Comité. Pela nossa parte, gerimos sobretudo e creio que com eficiência, o encontro de 18 de Agosto.

FC - Esse encontro dos bispos foi o ponto alto da participação portuguesa?

P.P.L. - Enquanto comunidade juvenil cristã e portuguesa presente nas JMJ em Madrid, sim, foi o momento alto de expressão da fé e identidade nacional que nos unem. Não haja dúvida, porém, que os encontros com o Papa são o zénite das JMJ. O encontro com os Bispos foi um acontecimento inédito na história da pastoral juvenil em Portugal e direi mesmo da história da Igreja em Portugal no século XXI, como o têm sido alguns encontros no Santuário de Fátima.

FC - Esta aproximação aos bispos poderá facilitar o contacto dos mesmos nas suas dioceses com os grupos de jovens?

P.P.L. - Recebemos impressões muito positivas de todos os bispos presentes em Madrid. Acreditamos que esta experiência fará crescer um renovado amor e solicitude pelos jovens, pela pastoral juvenil e pelas JMJ em geral. Assim nos testemunharam os responsáveis nacionais da Itália que aconteceu com eles, após os seus encontros com os bispos nas JMJ e a sua relação com a pastoral juvenil. E, sem dúvida, criou um maior carinho e veneração dos jovens para com os seus pastores diocesanos.



FC - Que consequências pode ter esta JMJ para a pastoral juvenil em Portugal?

P.P.L. - Esperamos uma renovação pastoral e humana das paróquias e movimentos presentes por causa deste enorme capital humano-espiritual recebido e desenvolvido em Madrid. Cremos que é agora mais do que público que o DNPJ só poderá desenvolver certos momentos e a pastoral juvenil em Portugal só poderá dar certos passos quando as dioceses e movimentos aceitarem trabalhar em conjunto. Não sejamos ingénuos: o encontro do dia 18 de Agosto foi possível graças à insistência, teimosia e muito espírito de sacrifício do DNPJ em não desistir face à falta de comunhão de algumas – poucas, felizmente - dioceses e movimentos. Não aceitámos desistir face às palavras e gestos de desencorajamento, divisionismo, etc.

E ficou à vista que um encontro como o do dia 18 de Agosto só é possível se cada um aceitar entrar na carruagem de um comboio que só tem um destino. Sentimos ainda que falta uma consciência clara e transversal a todos de que o DNPJ é uma estrutura da Conferência Episcopal Portuguesa; que exprime o querer e o sentir dos bispos sobre os jovens e sobre a pastoral juvenil, que é a sua voz autorizada sobre o trabalho de evangelização juvenil a nível nacional.


FC - Sabem que pode ser assim de facto?

P.P.L. – Temos esse testemunho dos responsáveis nacionais italianos, após os seus encontros dos jovens com os bispos nas JMJ e a sua relação com a pastoral juvenil. E que isso não coarcta em nada a liberdade e autonomia das dioceses e movimentos. Certa ocasião escrevi e disse que o trabalho do DNPJ é vivido sobre a lógica da cruz: é uma aparente morte e perda para os que o aceitam (dioceses e movimentos) mas, no fim, redunda em vida nova e frutos de evangelho.


FC - E esse desejo de uma Jornada em Mundial da Juventude em Portugal?

PPL - Esperamos ter dado o primeiro passo público para a organização de umas JMJ em Portugal, lá por 2021 ou 2022. Isto pela presença quase total do episcopado português e pela participação do director da Secção de Jovens da Santa Sé, Padre Éric Jacquinet. É possível que seja constituída uma equipa encarregue para, desde já, começar a dar corpo à candidatura portuguesa para as JMJ.

FC - O que pensa o DNPJ fazer a curto e médio prazo para aproveitar os frutos da JMJ?

P.P.L. - Até fins de Setembro, esperamos publicar o livro «Dez cartas aos jovens portugueses sobre a JMJ Madrid 2011» para convidar à fidelidade à oração, à Eucaristia, à vida eclesial, ao testemunho público experimentados na JMJ. Estamos convictos que a próxima direcção do DNPJ irá dar continuidade às visitas e ao apoio às dioceses no seu trabalho e à organização dos momentos nacionais como o Fátima Jovem, Festival da Canção e Fórum Ecuménico.

Outros projectos que esta direcção e equipa do DNPJ tem (edição do itinerário formativo de três anos para jovens após a catequese, curso de formação intensiva e aprofundada sobre pastoral juvenil para os secretariados diocesanos e as direcções nacionais dos movimentos, curso de formação para os seminaristas portugueses sobre pastoral juvenil, entre outros) ficarão entregues nas mãos da nova direcção do DNPJ para as considerar e decidir sobre a sua pertinência.
FC - O que podemos esperar da participação portuguesa na próxima JMJ? Será possível ter uma boa participação, apesar da distância que separa Portugal do Brasil?

P.P.L. - É expectável uma alta participação na JMJ Rio de Janeiro 2013. Não sou capaz de afirmar uma participação tão numerosa como esta de Madrid pela distância geográfica, pelas despesas e pela crise que está a agravar-se. Mas pelo facto de ser em língua portuguesa, cremos que será uma edição também muito lusitana.

Ricardo Perna
POR REVISTA FAMÍLIA CRISTÃ | 23 AUGUST 2011
Fonte - DNPJ

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